MA ANANDA MOYI
Aquela considerada a mais próxima das “Doze Irmãs ou Doze Estrelas” da Divina Mãe Maria (IS-IS).
Nirmala Sundari (em sânscrito,”Beleza Imaculada”, um nome adequado para uma mulher cuja beleza, tanto física quanto espiritual, era de tirar o fôlego) nasceu em 1896, em Kheora, Leste de Bengala,(hoje Bangladesh).
Na época de sua morte, em 1982, essa camponesa virtualmente iletrada seria reverenciada em todo o mundo como Anadamayi Ma, a Mãe Impregnada de Alegria.
Nirmala era lembrada por vizinhos e parentes como uma criança excepcionalmente alegre e luminosa – mas não especialmente inteligente.
A sua tendência de parar abruptamente todas as atividades e fixar os olhos abstratamente no espaço por longos períodos deixava os seus pais apreensivos.
A preocupação deles tinha começado no momento exato do seu nascimento, quando a criança recém-nascida não chorou.
Anos mais tarde, quando a sua mãe lembrou esse acontecimento alarmante, Nirmala reagiu:
- Por que deveria eu ter chorado? Eu estava olhando as árvores através das ripas da janela. (…)
Os seus pais contrataram o seu casamento com Bholanath; cinco anos depois, ela foi morar com ele.
Quando viu sua estonteante noiva, Bholanath deve ter se considerado o homem mais sortudo da terra.De fato, ele tinha sido abençoado, mas não da maneira que esperava: a sua esposa recusava-se categoricamente a fazer sexo com ele.
A sua consternação transformou-se em horror quando ele acordou no meio da noite e encontrou Nirmala contorcendo o seu corpo no chão e emitindo sons estranhos e obscuros.
Ficou convencido de que ela estava possuída e consultou um exorcista.
Nem Bholanath nem Nirmala tinham treinamento religioso formal, e assim, na época, nenhum dos dois reconheceu que Nirmala estava assumindo espontaneamente posturas da Hatha yoga ou que as suas estranhas vocalizações eram, na verdade, mantras sagrados.
De 1918 a 1924, Nirmala desinteressadamente se observou passar pelos vários estágios da “sadhana”, a prática espiritual.
Desde o momento do seu nascimento plenamente consciente, quando ficou olhando as árvores, Nirmala aparentemente permaneceu no estado de “sakshin”, como é chamado o estado de testemunho lúcido na yoga.
- O que eu sou, sempre fui desde a minha infância – afirmou ela posteriormente. – Contudo, diferentes estágios da “sadhana” se manifestaram através deste corpo. A sabedoria foi revelada pouco a pouco; o conhecimento integral foi dividido em partes.
Nirmala – que nasceu vivenciando a unidade de toda a criação – achava surpreendente vivenciar o mundo aos pouquinhos e em partes, como faz o resto de nós.
O comportamento não – ortodoxo de Nirmala chocou a sua família muitas vezes durante a sua vida. Uma de tais ocasiões ocorreu quando ela se recusou a se curvar diante dos seus antepassados, um requinte social considerado imprescindível em Bengala.
Porém, Nirmala tinha ouvido uma voz lhe dizendo:
“Você não deve se curvar diante de ninguém. A quem você quer homenagear? Você é tudo.”
“Imediatamente compreendi que todo o universo era a minha própria manifestação. O conhecimento parcial deu lugar ao universal, e eu me descobri face a face com a Unidade que aparenta ser muitas coisas”.
Isto – o auge de todo o esforço místico – realmente seria uma façanha para qualquer pessoa, ainda mais para uma jovem que nunca tinha tido um guru.
Não era que o assunto de um guru ou guia espiritual não tivesse surgido. Os amigos que conheciam as inclinações espirituais de Nirmala encorajaram-na com veemência a buscar um mestre que a iniciasse formalmente na vida espiritual.Ela foi até os pandits locais, mas nenhum estava interessado em ensinar uma camponesa pobre e iletrada.
Em 3 de agosto de 1922, numa ruptura total com toda a história da tradição religiosa hindu, Nirmala Sundari Chakaravarti se sentou e iniciou a si mesma.
A yoga ensina que o guru, o mantra que ele confere durante a iniciação, e o discípulo são, na realidade, uma única coisa.
Já estabelecida naquela realidade indivisível, Ananda Moyi Ma dramatizou esta unidade quando interpretou os papéis de mestre e de discípulo simultaneamente, com seu Eu superior conferindo o mantra ao seu eu inferior.
Assim, ela recebeu o mantra diretamente da divindade interior e tornou-se uma das poucas sábias do hinduísmo que, alcançaram a plena iluminação sem a ajuda de um guru.
Em 1922, Bholanath, o aturdido marido de Nirmala, tinha visto o bastante para concluir que sua esposa estava possuída por Deus. Tornou-se o seu primeiro discípulo.
Em 1924, ele e Nirmala se mudaram para uma casa de campo no estado de Shahbag e, enquanto Bholanath cultivava os jardins, Nirmala cultivava um número crescente de devotos. Uns foram atraídos pelos rumores de curas milagrosas, outros pela música.
A voz de Nirmala quando cantava as glórias de Deus, era sublime.A população logo começou a chamá-la de Mãe do Mundo.
As palavras dessa mulher radiante surpreendiam os seus visitantes. Ela falava com autoridade sobre estados além do tempo e do espaço, como se os conhecesse intimamente.
“O tempo devora incessantemente. Tão logo a infância acaba, a juventude assume o seu lugar – uma engolindo a outra. Mas, na realidade, o surgimento, a continuidade e o desaparecimento ocorrem simultaneamente em um só lugar. Tudo é infinito; infinito e finito são, de fato, a mesma coisa. Em uma grinalda, há um único fio, embora haja lacunas entre as flores. São as lacunas que causam a carência e o sofrimento. Preenche-las é se libertar”.
Nirmala ensinava os seus extasiados discípulos a preencherem as lacunas com o amor a Deus e submissão à Sua vontade. Ela insistia em que Deus não era somente o criador do universo, mas também a essência do próprio ser da pessoa.
“A verdadeira natureza do homem – dê a isto o nome que você quiser – é o Eu supremo de tudo.”
Em 1924, Nirmala parou de se alimentar. Ela observou com desinteresse característico, que as suas mãos simplesmente não conseguiam levar o alimento à sua boca.
Pelo resto de sua vida, os devotos precisaram alimentá-la como a um bebê.
Em 2 de junho de 1932, à meia noite, Nirmala convocou um punhado de discípulos íntimos e fez uma surpreendente participação. Estava partindo. Por quê? Suplicaram seus devotos. Para onde ela iria?
Ela explicou que não sabia e partiu imediatamente.
Durante um ano, ela se estabeleceu em um templo abandonado de Shiva, perto de Dehradun, aparentemente se submetendo a severa penitência, mas, de fato, como ela mesma admitiu, permanecendo em uma inexprimível alegria.
De qualquer maneira, esse foi o último local no qual pode-se dizer que Anandamay-Ma morou. Depois disso, ela se mudou constantemente.
Em cada lugar em que parou, surgiram “ashrams” e instituições de caridade.A “Mãe Saturada de Beatitude”
(Por Paramahansa Yogananda – Autobiografia de um Iogue)Senhor, peço-lhe que não deixe a índia sem antes conhecer Nirmala Devi.
Sua santidade é intensa: ela é conhecida em toda a parte como Ananda Moyi Ma (Mãe saturada de Beatitude) – Minha sobrinha, Amiyo Bose, olhava-me suplicante.
- Sem dúvida! Quero muito ver esta santa mulher.
- E acrescentei: Tenho lido sobre o seu adiantamento da realização divina. Um artigo sobre ela apareceu há anos atrás na revista East-West.
Estive com ela – prosseguiu Amiyo. Ananda Móyi Ma visitou recentemente minha cidadezinha de jamshedpur. Instada pelas súplicas de um discípulo, ela foi à casa de um moribundo.
Permaneceu junto ao leito do agonizante e quando lhe tocou a testa com a mão, o estertor da morte cessou. A doença desapareceu no mesmo instante; com surpresa e alegria, o homem viu se curado.
Poucos dias depois, eu soube que a Mãe Beatífica estava hospedada em casa de um discípulo no bairro Bhowanipur de Calcutá. O Sr. Wright e eu partimos imediatamente da residência de meu pai naquela mesma cidade. Quando o Ford se aproximava da moradia de Bhowanipur, meu companheiro e eu presenciamos uma cena invulgar em plena rua.
Ananda Moyi Ma encontrava se de pé, num conversível de capota abaixada, abençoando uma centena de discípulos. Tudo indicava que ela ia partir dali.
O Sr. Wright estacionou o Ford a alguma distância e acompanhou-me a pé até a multidão silenciosa.A santa lançou um olhar em nossa direção, desceu do carro e caminhou ao nosso encontro.
- Pai, o senhor veio!
- Com estas palavras de fervor, falando em bengali, ela pôs o braço em volta de meu pescoço e a cabeça em meu ombro.
O Sr. Wright, a quem eu acabara de dizer que não conhecia a santa, deleitava-se imensamente com esta extraordinária demonstração de boas vindas.
Os olhos de uma centena de chelas também estavam fixos, com certa surpresa, no afetuoso quadro vivo.
Eu percebera instantaneamente que a santa se encontrava em elevado estado de Samadhi. Esquecida de sua aparência externa como mulher, só tinha consciência de ser uma alma imutável; desse plano, saudava com júbilo um outro devoto de Deus.Ela me conduziu pela mão ao automóvel.
- Ananda Moyi Ma, estou retardando a sua viagem! Protestei.
- Pai, estou me encontrando com o senhor pela primeira vez nesta vida, depois de séculos! disse ela. – Por favor, não me deixe ainda.
Sentamos juntos no assento traseiro do carro.
A Mãe Beatífica entrou logo em estado imóvel de êxtase.
Seus belos olhos ergueram-se em direção ao céu e estabilizaram-se, semi- abertos, sondando o Paraíso interno, tão distante e tão próximo.
Os discípulos cantavam suavemente: “Vitória à Mãe Divina!”
Encontro de Yogananda com Anandamayi Ma
Encontrara eu, na índia, muitos homens com a realização de Deus, mas nunca uma santa de tal sublimidade.Sua face delicada tinha o brilho da inefável ventura que lhe valera o título de Mãe Saturada de Beatitude.
Longas tranças negras caíam livremente por trás de sua cabeça que nenhum véu recobria. Em sua fronte, um sinal vermelho de pasta de sândalo simbolizava o olho espiritual, sempre aberto em seu interior. Rosto pequeno, mãos pequenas, pés pequenos – que contraste com sua magnitude espiritual!
Fiz algumas perguntas a uma discípula próxima da santa, enquanto esta permanecia em transe.
- A Mãe Beatifica viaja extensamente pela índia; em muitas regiões, ela tem centenas de discípulos disse-me a chela. – Seus corajosos esforços permitiram a realização de muitas reformas sociais desejáveis.
Embora seja brâmane, a santa não reconhece distinções de casta.
Um grupo de discípulos viaja sempre com ela, cuidando de seu conforto. Nós temos de ser mães para ela, pois não toma conhecimento de seu próprio corpo.
Se ninguém lhe dá alimento, não come nem pede. Mesmo quando as refeições são colocadas à sua frente, ela não as toca.
Para evitar seu desaparecimento deste mundo, nós, os discípulos, a alimentamos com nossas próprias mãos.
Durante dias consecutivos, costuma permanecer em transe divino, quase sem respirar, e com os olhos imóveis. Um de seus principais discípulos é o marido.Há muitos anos atrás, logo após o casamento, ele fez voto de silêncio.
A chela apontou para um homem de ombros largos, feições harmoniosas, cabelos compridos e barba grisalha, Ele se encontrava de pé, silencioso em meio ao grupo, as palmas das mãos unidas na atitude reverente do discípulo.
Emergindo de seu mergulho refrescante no Infinito, Ananda Moyi Ma focalizava sua consciência, desta vez, no mundo material.
- Pai, diga-me, por favor, onde é a sua morada. Sua voz era clara e melodiosa.
- Atualmente, em Calcutá ou Ranchi; mas, em breve, regressarei à América.
- América?
- Sim, uma santa hindu será ali muito estimada pelos que buscam a espiritualidade. Você gostaria de ir?
- Se o Pai me levar, irei.
- Esta resposta provocou alarme entre os discípulos que estavam mais perto.
- Vinte ou mais discípulos sempre viajam com a Mãe Beatifica disse me um deles, com firmeza. Não poderíamos viver sem nossa Mãe. Aonde ela for, iremos nós.
Abandonei meu plano, com relutância, pois ele adquiria proporções impraticáveis de crescimento espontâneo!
- Por favor, venha pelo menos a Ranchí com seus devotos – disse eu – ao me despedir da santa. – Você, que é uma criança divina, apreciará os pequeninos da minha escola.
- Quando o Pai me levar, irei com prazer.
Pouco tempo depois, a Vídyaláya de Ranchi engalanou-se para a prometida visita da santa. Os meninos aguardavam ansiosos qualquer dia de festa sem lições, mas com horas de música e uma refeição festiva para culminar!
- Vitória! Ananda Moyi Ma, ki jai! Este canto, reiterado por grupos de entusiásticas gargantas infantis, saudou a comitiva da santa ao cruzar os portões da escola.
Chuvas de flores de calêndula, címbalos a tinir, grandes búzios assoprados vigorosamente, e o tambor mridânga a rufar!
A Mãe Saturada de Beatitude vagou sorridente pelos terrenos ensolarados da Vídyaláya, sempre carregando dentro de si, o paraíso portátil.
- É lindo aqui – disse graciosamente Ananda Moyi Ma, quando a introduzi no edifício da sede.
Sentou-se a meu lado, com um sorriso de menina.
Dava a impressão de ser a amiga mais íntima e, no entanto, uma aura de distanciamento a envolvia sempre – o paradoxal isolamento da Onipresença.- Por favor, conte-me algo de sua vida.
- O Pai já sabe de tudo; para que repetir? Ela sentia, evidentemente, que os fatos de uma breve encarnação nem sequer mereciam referência.
- Rindo, insisti delicadamente em meu pedido.
- Pai, pouco tenho a dizer. Ela estendeu as mãos graciosas em gesto de quem suplica perdão.
Minha consciência nunca se associou a este corpo temporário. Antes de vir a este mundo, Pai, “eu era a mesma”. Em menina, “eu era a mesma”.
Cresci e me fiz mulher, ainda “eu era a mesma”.
Ananda Moyi Ma, ao se referir a si mesma, não diz “eu”; usa circunlóquios como “este corpo”, “esta menina”ou “sua filha”. Também nunca se refere a qualquer pessoa como seu “discípulo”. Com sabedoria impessoal, ela concede a todos, sejam devotos antigos ou recém‑vindos, o divino amor da Mãe Universal.
Quando a família na qual nasci, empreendeu ajustes para que este corpo casasse, “eu era a mesma”.
E agora, Pai, em sua presença, “eu sou a mesma”.
“Depois desta vida, embora, a meu redor a dança da criação se modifique nos salões da eternidade, eu serei a mesma”.
Ananda Moyi Ma sumiu-se em profundo êxtase. Sua figura adquiriu imobilidade de estátua; ela voara para seu reino, o do apelo eterno.
As escuras lagoas de seus olhos apresentavam-se mortas e vítreas.
Esta expressão costuma aparecer quando os santos removem sua consciência do corpo físico que não passa, então, de uma peça de argila sem alma.
Sentamos juntos durante uma hora, em transe extático. Ela voltou a este mundo com um pequeno riso de alegria.
- Por favor, Ananda Moyi Ma – disse eu – venha comigo ao jardim. O Sr. Wright vai tirar algumas fotografias.
- Pois não, Pai. – Sua vontade é a minha. – Seus olhos gloriosos retinham um imutável esplendor divino, ao posar para vários retratos.
Hora do banquete!
Ananda Moyi Ma cruzou as pernas sobre o cobertor que lhe servia de assento, tendo um discípulo junto ao seu ombro para alimentá-la.
A santa, parecendo criancinha, engolia obedientemente a comida que o discípulo lhe punha nos lábios.
Era óbvio que a Mãe Saturada de Beatitude não via diferença entre o molho de caril e as frutas cristalizadas!
Ao acercar-se o crepúsculo, a santa partiu, com sua comitiva, sob uma chuva de pétalas de rosa, enquanto com as mãos erguidas, abençoava os meninos.
Seus rostinhos expressavam iluminadamente, o afeto que ela despertara neles sem qualquer esforço.
“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças proclamou o Cristo, “este é o primeiro mandamento”.
Rejeitando todo apego inferior, Ananda Moyi Ma jura fidelidade exclusiva ao Senhor. Com a lógica segura da fé, e jamais recorrendo às distinções excessivamente rebuscadas dos eruditos, a santa, em sua singeleza de menina, resolveu o único problema da vida humana – estabelecer unidade com Deus.O homem esqueceu esta simplicidade absoluta, nublada hoje por mil complicações. Recusando um amor monoteísta ao Criador, as nações tentam mascarar sua infidelidade com o respeito escrupuloso ao culto exterior da caridade.
Estes gestos humanitários são virtuosos porque, durante um momento, desviam o homem da adoração de si mesmo, mas não o eximem de sua primordial responsabilidade na vida, “o primeiro mandamento” a que Jesus se referiu.
A edificante obrigação de amar a Deus é contraída pelo homem desde que ele respira pela primeira vez o ar concedido gratuitamente por seu único Benfeitor.
Após sua visita à escola de Ranchi, mais uma vez tive oportunidade de ver Ananda Moyi Ma. Alguns meses depois, ela e seu grupo esperavam por um trem na plataforma da estação de Serampore.
Pai vou ao Himalaia disse-me ela.
Pessoas bondosas construíram para nós um eremitério em Dehra Dun.
Assistindo ao seu embarque, maravilhei-me ao constatar que, fosse em meio à multidão, num trem ou num banquete, ou ainda sentada em silêncio, seus olhos nunca se desviavam de Deus.
Dentro de mim, ainda escuto sua voz, um eco de doçura imensurável:
- Veja agora e sempre unida ao Eterno, “eu sou sempre a mesma”.
ALFA

Localização: no meio da fronte, a 2 milímetros atrás da implantação da raiz dos cabelos.
Ponto de acupuntura: 24 Embarcação Governador
Corresponde a: AL
Acoplado a: OD
Triângulo elementar: FOGO (ponta superior)
Irmã associada a esse ponto: MA ANANDA MOYI
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